Homenagem Palhaçadas em Geral 2008
Alegria


Artista: Álvaro Marinho
Palhaço: Alegria
Companhia: Circo Cristal
Naturalidade: Barbacena
Nacionalidade: Brasileiro
Data Nascimento: 04/06/1934
Telefone: (31) 3355-9896


Álvaro Marinho, o PALHAÇO ALEGRIA, hoje com 75 anos de idade, diz orgulhoso ter 70 anos de circo. Atualmente residente em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, conta que nasceu dentro do Circo Novo Mundo, de propriedade de seu pai, Francisco Marinho. Tendo passado boa parte de sua infância em Governador Valadares, brinca que lá não faz espetáculos, porque a família enche o circo e ele acaba trabalhando de graça. Aos 5 anos, teve sua cara pintada de palhaço pela primeira vez, por Hernani Lobo, de quem lembra com carinho por tê-lo iniciado nesta arte, ensinando-lhe a piada do eco - seu primeiro número. A partir daí, fez de tudo um pouco - sempre vestido de palhaço - números em arame, trapézio, malabares, acrobacias, contorcionismo, mágica e até globo da morte montado em sua bicicletinha. Foi também no picadeiro, como não poderia deixar de ser, que armou um altar e se casou, aos 17 anos, com Dona Maurita - a Marinete. Não é preciso muita força para adivinhar que seus 19 filhos, 46 netos e 5 bisnetos cresceram respirando a atmosfera circense e que, muitos deles, quando voltam pra casa tirando férias do terno e gravata, revisitam o picadeiro do Alegria, colocando em prática a veia artística que ele fez proliferar. Falando dos velhos tempos, lembra do vendaval que destruiu o Circo Novo Mundo herdado de seu avô, o longevo Furtuozo Marinho, que morreu aos 135 anos de idade, deixando à sua descendência um legado que atravessaria dois séculos de história. Foi deste lamentável episódio, que nasceu o atual Circo Cristal - assim batizado com o bom humor característico de Seu Álvaro, por ter sua lona sido confeccionada com centenas de pacotes de açúcar cristal, pacientemente costurados um a um, pela fiel companheira, Dona Maurita. Recorda ainda, com alegria a convivência com o comediante Mazzaropi, os palhaços Piolin, Chacarita, Carequinha (pai) e tantos outros maravilhosos protagonistas do circo deste Brasil afora, por onde passou despertando sorrisos e emoções. Os casos são muitos - tristes, alegres, divertidos, inacreditáveis - natural de quem passou toda uma vida na estrada, cumprindo um desiderato que lhe foi dado como uma bênção. Dentre eles, conta já ter recebido até mesmo, voz de prisão de um delegado que o assistiu apresentar o número da "mulher degolada viva", acusando-lhe de ter matado a própria filha. "Se eu fosse matar um filho a cada espetáculo eu estava perdido!" - comenta rindo do episódio. Seu Álvaro aposentou-se como artista circense, mas não pára nunca. E é reconhecendo o valor de histórias como esta, que Álvaro Marinho, o Palhaço Alegria foi escolhido pelo Palhaçadas em Geral, como nosso ilustre homenageado de 2008.



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Tibúrcio Taiada


Artista: Marcelo Rocco
Palhaço: Tibúrcio Taiada
Companhia: Cia do Riso
Naturalidade: Campinas
Nacionalidade: Brasileiro
Data Nascimento: 14/03/1981
Telefone: (31) 8744 3828
Email: Marcelo rocco1@hotmail.com
Blog: ciadoriso.blogspot.com

Comecei a pesquisar o universo do palhaço desde os 15 anos, em uma casa de cultura do interior de São Paulo onde morava, na cidade de Valinhos, vizinha de Campinas. Minha professora, a atriz Alessandra Buffa, introduziu jogos e elementos cênicos clownescos aos alunos para diversificar a possibilidade atoral de improvisação e comicidade. Éramos muito jovens e não tínhamos o entendimento preciso sobre o que era aquilo, achei um tanto penoso, árduo, o processo, e não via graça nos palhaços que conheci na infância, palhaços que ficavam em portas de lojas para fazerem propagandas - então, olhava o nariz vermelho com preconceito. Mas na faculdade, no início da graduação na Universidade Federal de Ouro Preto, comecei a fazer incansavelmente exercícios de improvisação que chegavam ao universo ingênuo e cômico do palhaço. Uma grande amiga e atriz que já estudava palhaço, Eliana Correia, me convidou para participar de um projeto sobre o estudo do palhaço, por me achar cômico. E foi em um exercício de improvisação que meu palhaço, muito Branco, aliás, apareceu. Aos poucos, fui dando elementos para ele e para a minha mala de objetos. Tibúrcio era um nome que me fazia rir desde a infância, e precisava de um nome para começar. Iniciamos, sob a coordenação de Eliana, o projeto “O Palhaço no Hospital”, em Mariana, Ouro Preto e Itabirito, todos Minas Gerais. E foi na marra, no improviso, que meu palhaço foi crescendo e descobrindo uma infinidade de possibilidades. Ela dirigiu um espetáculo em que havia trabalhado desde Campinas, “Alguns Pecados Capitais”, que era a visão dos Pecados humanos sob a ótica dos palhaços. Este espetáculo tornou-se um grande sucesso nas cidades mineiras, e trabalhamos com ele durante cinco anos. Como era recheado de surpresa e improviso, pude me abrir sem armas, para o novo, para o provocativo universo do palhaço, que revela as fragilidades e mazelas humanas de maneira genuína. O hospital também abriu as portas do riso para nós, em uma atitude positiva perante as doenças dos internos, na busca de uma relação profícua entre o palhaço trajado de médico e o paciente. Tínhamos função de fazer rir com responsabilidade, sem agredir o leito hospitalar. Assim, os atores investiram na pesquisa do palhaço e terapia, indo estudar com pessoas ligadas ao clown, tais como Ésio Magalhães, Carlos Simioni, Renato Ferracini, Tiche Vianna, Doutores da Alegria, etc. Este conjunto de mestres nos auxiliou na busca de trajetórias entre o riso e o palhaço, sendo divisores de água no trabalho profissional e autoral do criador-palhaço ou palhaço-criador. Atualmente, trabalho no Instituto Mário Penna em Belo Horizonte, Hospital Luxemburgo e em outras cidades do interior mineiro. Acredito que o palhaço é uma construção infinita de amadurecimento pessoal, pois todos os dias, descubro novas possibilidades, sem fechar em uma fórmula encerrada em si. E todas as pessoas de nariz vermelho que passam pelo meu caminho, colaboram com a inovação e renovação do Tibúrcio, pois ele enxerga em pequenos detalhes como um brinco, um sorriso, um jeito, uma roupa, a possibilidade de fazer rir, de emocionar.

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Popó

Artista: Paulo Sérgio Pires
Palhaço: Popó
Naturalidade : Belo Horizonte
Nacionalidade : Brasileiro
Data de nascimento : 12/01/1972
Telefone : 31-99788541
E-mail :
paulosergio72@hotmail.com
palhacopopo@gmail.com

Meu palhaço começou a surgir com os espetáculos do Grupo Armatrux, o qual fundei, dirigi e atuei por 12 anos. A fusão de linguagens do teatro de rua, do circo, dos bonecos foi o ponto de partida do grupo. Mas nessa época os personagens palhaços eram criados para cada espetáculo, ou seja, criei alguns palhaços. O trabalho de pesquisa do grupo para mim foi de extrema importância. Todos os cursos, oficinas, workshops e trocas com outros grupos de teatro e circo foram me mostrando as técnicas e possibilidades do palhaço e também me dando a certeza de que era isso o que eu queria como profissão. Quando saí do Armatrux e passei a trabalhar em carreira solo, fui chamado para um teste para o programa TVX, da TV Horizonte, com vários palhaços de BH. Fui escolhido para apresentar com um palhaço o programa, pois o palhaço Viralata, Rodrigo Robleño, estava deixando o TVX. A mistura de criar um personagem e apresentar um programa de televisão foi o que me motivou a criar o palhaço Popó, aquele que seria o meu palhaço, ou seja, utilizei toda a bagagem de espetáculos, cursos, vivências, experiências para criá-lo. Pude criá-lo da maneira que eu desejava, com minhas lembranças de infância, minhas referências e ideologias. Mas tive algumas premissas, como pensar na linguagem da TV para crianças e no caráter educativo do programa. O momento da criação do personagem juntamente com o início das gravações ao vivo na TV Horizonte foram bastante difíceis. O personagem ainda estava se consolidando, se encontrando, esse processo de descoberta do palhaço durou uns seis meses. E o aprendizado da linguagem televisiva também demorou um pouco até ser interiorizado e eu poder me dedicar à construção do personagem sem me preocupar tanto com a técnica da TV. A partir daí, o processo foi um pouco mais tranqüilo, porque nunca é tão tranqüilo, continuei fazendo cursos, comecei a apresentar na rua e outros espaços novamente e pude fazer do programa TVX um verdadeiro laboratório, um espaço de aprendizado, de pesquisa, de experimentação da linguagem palhacesca. Tendo sempre em mente que o público é de crianças de todas idades, que a construção de pequenas cenas abordariam temas de interesse do público infantil e do cunho educativo sem deixar de lado o caráter lúdico, excêntrico, provocador de risos e transformador do palhaço. As referências para a construção do meu palhaço são muitas, são da minha própria experiência de vida, do trabalho de pesquisa do Armatrux, de grupo belorizontinos como o Galpão e o Andante. Mas um momento muito importante pra mim foi quando comecei a conhecer e assistir grupos de outros estados, como os Parlapatões, Intrépida Trupe, Irmãos Brothers e Circo Zanni, que me mostraram outros métodos e maneiras de trabalhar o palhaço. E finalmente, quando conheci os que, para mim, são grandes mestres da palhaçaria: Tortell Poltrona, Jango Edwards, Léo Bassi, Chakovachi, Sue Morrisson. Estes últimos me ensinaram e ensinam o quão nobre, necessária e difícil é a arte do palhaço, mas que com dedicação árdua e tempo é possível chegar onde eles chegaram. O trabalho de pesquisa sempre foi pautado por momentos criativos, de leitura, de troca de experiência, de cursos e oficinas em diversas áreas. O teatro, a dança, a música, os bonecos, o circo, a mímica, e o palhaço são áreas de interesse, pesquisa e de utilização prática, tanto na televisão quanto no teatro de rua. A carreira de artistas circense, de palhaço não é muito tranqüila, o caminho é longo e tortuoso, nem sempre bem remunerado, nem sempre valorizado. Mas com certeza é o meu caminho, a profissão que escolhi, que me motiva e me realiza pessoalmente e profissionalmente. Um espetáculo bem feito, a ocupação de espaços, na mídia, na rua, com o palhaço Popó e a possibilidade de levar diversão e sorrisos para o público, e muitas vezes conseguir isso, é o que me motiva a prosseguir nessa jornada.

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Repimboca

Artista: Evandro Heringer
Palhaço: Repimboca
Companhia: Cia Circunstância
Naturalidade: Manhuaçu/MG
Nacionalidade: Brasileira
Data Nascimento: 01/01/1977
Telefone: (31) 3413.5344 / 8762.3058
Email:
evandro.clown@gmail.com


Era reveillon de 1999 pra 2000 em Trancoso/Ba. Éramos três rapazes, unidos pela música que fazíamos com a nossa banda, o Dendalei. Minutos antes da virada, a gente estava se olhando no espelho, se maquiando e se preparando para o show. O prazer de estarmos juntos naquele lugar, acreditando em nossa arte e vivendo dela naquele momento era algo mágico. “Param para pam pam pam pam! É o Dendalei!” - gritávamos enlouquecidos na rua, numa noite de céu pipocado de estrelas, ao som do violão, do caxixi e à luz das labaredas que saía da boca do percussionista (Cris Siman), que também era palhaço - quem primeiro colocou um nariz vermelho na gente... No início, buscávamos novas formas de comunicação. Depois do nariz, não ouve mais volta. Uma banda de palhaços, que tocava Balão Mágico, Saltimbancos, Arca de Noé e outras coisas de nossa infância. Passamos a ver a importância da infância na nossa vida, e o quanto era bom relembrar tudo aquilo pra gente e pro público. Descobrimos tudo! Ser palhaço era isso! Era só ser criança! Mas isso era só uma porta que se abria... A banda se desfez, cada um foi ser pai em algum lugar desse Brasil, mas o palhaço que despontara ficou. A vontade de seguir esse caminho e mergulhar nele gritava dentro da gente. Com Rodrigo Robleño, eu pude conhecer melhor o “Mundo do Nariz Vermelho”, primeira oficina que fiz. Fiquei maravilhado com esse mundo novo que se abria à minha frente, quando colocava o nariz. Ser palhaço então era isso! Chegar vazio pra cena, aberto pro jogo, onde a lógica do palhaço era ver o mundo onde tudo era exagerado. Passei a usar essa lógica em tudo que eu fazia que envolvesse improvisação (bem, pelo menos tentava). Eu e Álvaro Lages (ex-Dendalei) - os Poetas Trouxas - vendíamos poesia falada na rua. Trabalhar na rua foi muito importante pra perceber a importância do público, o olho no olho, saber se doar e receber... o quanto o trabalho do palhaço é construído dessa forma. É fazendo pro público, que a gente percebe o que funciona e o que não funciona, que a gente vai lapidando isso. Ah, então ser palhaço é isso! E mais um tanto de coisas que a gente vai descobrindo fazendo oficinas e se apresentando. O legal é que nunca acaba! Sempre tem algo novo pra aprender. Fiz uma oficina no Festival de Inverno da UFMG com Adelvane Néia. Trabalhamos muito com exaustão. Percebi a importância da dilatação corporal para o estado de prontidão do clown. No Solar da Mímica fiz imersão com Alberto Gaus... Nossa! Processo doloroso para se chegar a um estado de clown onde a verdade é sua base. E com a verdade, a doação incondicional. Senti uma mudança muito grande no meu jeito de ser palhaço... Depois, Ricardo Pucetti, em Diamantina, onde eu me reencontrei, nesse prazer de estar em cena, olhando pro público e a Sue Morrison (Canadá), também muito importante. Verdadeiro mergulho dentro de mim mesmo, gostava da sensação do risco, do estar presente em cena sem saber o que fazer. O inesperado é o que nos torna vivos para o jogo... Reflexões à parte, nem só de oficinas vive um palhaço em sua busca. Desde 2005 que eu faço parte do grupo Circunstância, com o Diogo Dias e o Luciano Antinarelli (ex-Dendalei, rs), trabalhando com música, malabarismo, mímica, mágica, acrobacia e... palhaço é claro. Em 2007, fizemos várias apresentações em uma turnê pelo sul da Bahia viajando de Fusca Azul. Chegávamos na cidade, armava o cenário na praça e apresentávamos. Em Prado, fizemos 4 dias seguidos. Ufa! Cada dia tinha que ser diferente. Criamos o Momento Improvisado, onde o público dava o tema e a gente fazia uma cena. Isso foi muito bom pro nosso crescimento, pois era muito verdadeiro o risco, o jogo entre a gente e o público. O dinheiro do chapéu pagou a viajem. O fusquinha foi guerreiro, desse jeito dá vontade de conhecer o mundo inteiro! Por isso eu amo ser palhaço. Sinto-me mais livre assim. É uma chama que não se apaga. De um jeito ou de outro, a gente sempre retorna ao nosso palhaço, porque ele é a parte mais legal da gente. Talvez o nosso último refúgio, talvez a salvação desse mundo.
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Teca

Artista: Mariana Rabelo
Palhaça: Teca
Companhia: Coletivo de Palhaços
Naturalidade: Belo Horizonte
Nacionalidade: Brasileira
Data Nascimento: 19/10/1980
Telefone: (31) 9130-7921
Skype: marianamorangorabelo
Email: marimorango@gmail.com
Site: www.coletivodepalhacos.com

Tudo começa com a escola de circo e o curso de Artes Cênicas da UFMG. “Resolvi fazer uma oficina de clown porque achava que seria “legal para o meu currículo”. Que tapa na cara levei! Depois da oficina da Adelvane em 2001, nunca mais quis fazer outra coisa da vida a não ser tentar ser palhaça!” Aí nasceu a Teca, ainda sem saber muito bem o que fazer e muito menos como... Estudou com os mestres que encontrou pelo caminho: Ricardo Puccetti, Marcio Ballas, Sue Morrisson, Avner, Márcio Libar, Tortel Poltrona. Resolveu levar o palhaço para a universidade: fez uma pesquisa de iniciação científica sobre o assunto e leu tudo que encontrou a respeito. Montou um número com outro palhaço-ator da faculdade, o “Número da Maçã”, inspirado numa entrada clássica. Fez cenas curtas do Galpão, se apresentaram na UFMG e resolveram então, ir para a rua. Com o espetáculo “Tiro ao Alvo” e fizeram muitas praças de BH e algumas outras localidades mineiras. Ganharam um prêmio no Festival de Teatro de Ubá “Melhor Interação com o Público”. Com o fim da dupla, a Teca que andava se achando a Branca, ficou sem Augusto e, por algum tempo, achando que tinha perdido a graça. Mas teimosa como ela só, não podia desistir e resolveu se emancipar. Montou número solo e anda pelas ruas desfilando de mulher barbada e independente, falando para quem quiser ouvir da força da mulher! “Mulher Força” número de palhaça com A maiúsculo é seu número. Nas suas andanças trabalhou com outros palhaços do Coletivo de Palhaços de BH, e ainda trabalha. Participa da organização da Semana Interplanetária do Palhaço, faz Saída de Palhaças com as palhaças do Coletivo e tem um espetáculo com o Titetê chamado “Teca e Titetê”. E continua disposta a novas parcerias e descobertas. Alguém encara essa parada?
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Pururuca

Artista: Rogério Galvão de Faria
Naturalidade: Pará de Minas
Nacionalidade: Brasileiro
Data Nascimento: 12/04/1956
Telefone: (37) 3237-0895/9914-0895/3231-6422
Email: pururuca@cliknet.com.br

Olha o Palhaço Pururuca aí, gente!!! É assim que há 33 anos, o Palhaço Pururuca entra nos palcos, nos picadeiros, ruas de lazer, festas de aniversário, buscando sempre atrair o sorriso das crianças, trazer alegria à toda garotada. Desde criança sentiu-se maravilhado com a magia circense. No quintal de sua casa, ainda bem pequenino, vivia treinando suas “palhaçadas” e seus truques de mágica. Em 1974, depois de participar das Missões promovidas pela Igreja Católica no Vale do Jequitinhonha - um dos lugares mais pobres de Minas na época - estando em contato com artistas regionais, sentiu-se mais motivado para desenvolver sua arte. Mas foi em 1975, que pela 1ª vez ele se apresentou como Palhaço Pururuca, durante a realização de um festival de sorvete na sua cidade natal, Pará de Minas. Desde então, nunca mais parou. Foi se aperfeiçoando e fazendo suas apresentações em parques de exposições, chegando a ter platéia de 3.000 pessoas, animando festas de aniversários infantis, apresentando-se em praças públicas, em shows beneficentes, etc. Como mesmo ele diz: “onde há o brilho do olhar de uma criança, eu estou presente para levar alegria.” Destacando-se neste cenário, foi convidado para trabalhar nos circos Moscou, Águias Humanas e nas Organizações Beto Carreiro, não tendo aceitado, por seu imenso amor à terra. Atualmente, Pururuca continua seu trabalho de levar aos corações infantis a alegria, a fantasia do mundo circense, momentos de pura descontração e inocência. Onde tem animação, sorrisos e festa, pode ter certeza: ali está o Palhaço Pururuca!
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Alegria Também

Artista: Diogo Dias
Palhaço: Alegria Também
Companhia: Projeto Fuscazul – Cia. Circunstância
Naturalidade: Belo Horizonte
Nacionalidade: Brasileiro
Data Nascimento: 31/01/1980
Telefone: (31) 8704-5231
Skype: diogoalegria
Email: diogofuscazul@gmail.com
Site: www.fuscazul.com.br
Blog: www.coletivodepalhacos.com

Iniciei-me nas artes em 1998, no curso de formação circense da Spasso Escola de Circo e no Teatro Universitário da UFMG. Fui me interessando cada vez mais por esta entrega ao mundo do inverso, das lógicas às avessas. A coisa começou a ficar séria depois de uma oficina com a Adelvane Néia. Acho que ela ajudou com essa coisa de acender minha luzinha... Naquele tempo, um pouco mais brava, mostrou pra gente a seriedade desta brincadeira. Empenhando meu nariz vermelho, vivenciei experiências excêntricas. Procurando os parceiros, fui fazendo minha estrada: Armatrux, Trampulim, MU - Movimento Urbano, Grupo Strada, Experimento em 2 Estados, Cia Circunstância, Circo Volante... Com o Até Tu SLU, conheci vilas e favelas, e a nobreza dessas comunidades, com intervenções e pequenos números junto aos companheiros de escola, visitando hospitais, asilos, etc. Nesse vai e vem, o repertório foi aparecendo: uma coisa funcionava aqui, tentava fazer de novo ali, e nem sempre funcionava outra vez. Passados os 3 anos de escola, eu me vi formado (pelo menos no meu processo interno). Veio a decisão crucial: o estágio. Já sabia que o palhaço era o caminho e também, que passava pela arte de rua. Resolvi botar o pé na estrada e tentar sobreviver com meus exercícios pelo mundo afora, passando meu chapéu... Foram 6 meses muito intensos pelo nordeste brasileiro. Graças a essa coragem conheci a Bahia, Sergipe, Alagoas e muitos vilarejos. Fiz grandes amigos - Odécio, Janjão, Polayne, o Guimba que esteve comigo nesta jornada, e muito, muito público. Fazíamos intervenções em restaurantes, que sustentavam a viagem. Íamos montando pequenos roteiros e gags e produzindo ações onde encontrávamos espaço. A maior escola foi o público - as saídas descompromissadas, as rodas, as ações coletivas, individuais... O público sempre esteve lá! Mas também, nada melhor que uma boa conversa com artistas mais experientes. Aí sim, agente se coloca a prova. E quase sempre erra. Pois é essa a brincadeira. Como acertar errando? Fui muito feliz com o contato com figuras muito importantes no meu caminho, como a Adelvane, o Richard Riguetti, o Marcio Libar, Chacovachi, o Zé Regino, Gabriel Guimard, Sue Morrison, Avner, Beth Dorgan e tantos outros anônimos de notório fazer... Destaco dois momentos que nunca esquecerei. Primeiro, a viagem com a Cia Circunstância para o sul da Bahia no meu fuscazul sem pré-produção. Uma vivência mambembe sensacionalmente fenomenal. Trocávamos tudo por um agradecimento após o espetáculo - minha primeira experiência itinerante com o formato de espetáculo de rua como carro chefe do chapéu. Chegamos a fazer a mesma praça durante 7 dias, cada dia com um espetáculo completamente diferente do outro, e o público voltava trazendo mais e mais pessoas, que já se perguntavam: "O que esses palhaços vão aprontar hoje?" Mas como na vida nem tudo é só alegria, na volta o carro quebrou, já quase chegando em BH. O clima ficou um pouco tenso, depois de tanta vivência bonita na viagem que durou pouco mais de 40 dias. Aí, veio o segundo momento - antes solo do que Malacompanhado. Inicio de ano com pouco trabalho, pouco dinheiro que trouxemos da viagem, 6 meses sem carro - demos uma pausa no grupo e o pão faltava em casa. Assim, na pior, vi uma bela possibilidade de tirar proveito da situação. Montei meu espetáculo solo! Aos finais de semana escolhia uma praça ou parque para me aventurar... Sozinho... Situação que me trazia um frio na barriga que nunca tinha sentido com tanta força. A primeira vez foi na Praça da Liberdade. Cheguei com minhas coisas, olhava prum lado, pro outro... não sabia se podia fazer aquilo ali - se alguém ia me barrar, se o público iria se juntar... Resolvi perguntar ao cara que cuida da praça. Ele respondeu dizendo que eu só não poderia vender nada. Timidamente, arrumei um local menos visado para me trocar e fui brincar. O engraçado é que eu tinha levado uns malabares pra vender depois do espetáculo, e como eu não podia vender, anunciei ao público que eu tinha umas bolinhas, mas que eu não vendia nada, porém se alguém quisesse, eu poderia trocar por dinheiro. O guardinha deu boas risadas com minha solucionática daquela problemática... Esse foi parte do processo do palhaço Alegria Também, que desde barracos, até grandes edifícios... fez muito teatro quando ainda era assistente de pedreiro. Hoje ele é um "Grande Palhaço" de quase 2 metros! É malabarista, monociclista, equilibrista, acrobacista, perna de paulista e um dia foi até trapezista - mas desistiu porque tem que fazer muito esforço....
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Frei Xico


Artista: Francisco van der Poel
Palhaço: Frei Xico
Nacionalidade: Holandesa


Comecei a viver meu palhaço no XXV Congresso Mundial de Educação através da Arte, no Rio de Janeiro (RJ) 22-28 de julho de 1984. Ele vai comigo em tudo que faço: palestras, shows e até numa cantoria de boteco. Ele fica na cintura pendurado no cordão de São Francisco. Nós dois não somos separados. Sou anarquista, mas também sou frade de verdade. Se de um lado uso o hábito franciscano, do outro está ele com a roupa colorida, a calça enrolada e o brinco na orelha. Sou sério e irreverente. Dou aula e não sei nada. Foi minha mãe que fez este palhaço de pano para mim, sem entender porque seu filho nesta idade ainda brincava com um boneco. Era uma vez um tempo em que as autoridades eram condes, viscondes, duques, príncipes, generais, almirantes e... no topo do poder, estava o rei. Acima do rei não havia ninguém; só Deus! A palavra do rei todos tinham de obedecer. Foi então que surgiu, ao lado do rei, a curiosa figura do bobo da corte. Era bobo coisa nenhuma! Falava várias línguas, tocava instrumentos musicais, era o cerimoniário nas festas, declamava poesias. Além disso, entendia muito bem de política. O bobo da corte podia dizer ao rei o que quisesse, interrompia a reunião, dava risada, criticava a autoridade sem correr o risco de ir preso. Ele era um legítimo fator crítico, ao lado de quem tem poder. No meu trabalho, acho difícil lidar com a vida e a experiência religiosa dos pobres do Jequitinhonha. A cultura é vida. O povo guarda as coisas enquanto tiverem sentido para ele, seja um brinquedo, uma técnica de trabalho, um remédio da horta ou uma oração. É difícil entender qual é o sentido destas coisas na vida do pobre, sobretudo porque eu não sou pobre, nem marginalizado. Daí o palhaço. E o nariz vermelho? Este eu uso na roda dos palhaços. No Teatro Terceira Margem, meu nome é “Fuxico”. Viva a união dos palhaços! Viva o Vale do Jequi! Vamos levar este mundo a sério. Frei Francisco van der Poel, franciscano.
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